Já que é época de eleições

"O Japão possui uma Força de Defesa Civil, cujo único dever é certificar que a soberania japonesa continue existindo, mas não possui Exército, Marinha, nem mesmo Aeronáutica. Toda a verba que seria destinada para a compra e desenvolvimento de armamento e tecnologia militares é destinada à educação, e isso tornou o país, em pouco tempo, uma das maiores potência econômicas do mundo." fonte

Se algum dos candidatos apresentasse uma proposta parecida ganharia na hora o meu voto.

O dom e a vagabunda

É um homem apaixonado. Sempre se encanta por uma diferente, ou mesmo mais de uma, principalmente se for um dia quente de verão. Decote, saia pequenina, sabe? Coxas à mostra, adora principalmente as coxas (engraçado, do frango só come a asa). Hoje, no gelado do inverno, com a cabeça de cima no lugar (nesses dias frios parece que perdemos nossos hormônios), decidiu que não ia mais se apaixonar. Quem tudo quer nada tem, tinha lido num livro de auto-ajuda. Resolveu que iria amar.

Assanhada, era seu apelido junto às amigas mais íntimas. Em seus dezenove anos de vida (e que vida!) tinha mais experiência do que muita senhora de cinqüenta. Nada para ela era novidade. No marasmo diário sem originalidades acabou por conhecer Nélson. O Rodrigues. Aonde ia o levava embaixo do braço. Ali sim encontrava coisas diferentes. Decidiu que ia ser dama. A dama do ônibus.

Preparou o ritual de conquista, nenhuma garota lhe escaparia. No bolso uma cartinha de amor com versos de Vinícius e uma singela flor feita de guardanapo. Mas seu grande trunfo, algo que nem Don Juan havia usado, era esse: quando criança reparou que todas as mulheres, principalmente as senhoras, se derretiam quando ele tocava sua flauta doce perante a família. Ah! Seria o Flautista de Hamelin moderno. Só que em vez de ratos atrairia mulheres. Ou melhor, a mulher.

Nem tinha ido à aula hoje. Tudo teria que estar perfeito para sua nova experiência. Acordou se sentindo muito atraente e tomou um banho demoradíssimo de banheira. Após, relaxada, ungüentou todo o corpo, fez as unhas (vermelhas, a cor da conquista!) e se depilou. O traje já havia escolhido no dia anterior, não importando se faria frio ou calor: blusinha preta bem colada, saia jeans justíssima e seus tamancos mais altos. O detalhe final era o cabelo, em rabo-de-cavalo. Era a única dentre as amigas que gostava desse penteado. Talvez usasse assim para mostrar a tatuagem em seu pescoço, uma naja.

Aguardou e aguardou. Os ônibus passavam, sem nem mesmo diminuir a velocidade, pela parada onde esperava. Se não tem mulher junto esses desgraçados não param, pensou. Finalmente um motorista de melhor coração resolveu atender aos seus chamados, quase histéricos. O ônibus estava vazio, a não ser por um indivíduo de uns trinta anos, comendo mandolate, sentado na penúltima fila de bancos. Acomodou-se logo atrás, na última fileira. Ficando ao centro, para ter uma visão privilegiada. Retirou a flauta e aguardou.

Não precisou nem levantar sua delicada mão para o ônibus parar. Notou o olhar faminto do motorista ao subir as escadas. Fez uma cara de ‘que que foi seu tarado?’ para ele mas na verdade ficou muito excitada com tudo. Deu uma bela olhada para o bonito cobrador enquanto passava pela roleta mordendo os lábios. Avistou os sujeitos lá adiante e foi-se lentamente. Estava numa passarela, gostosa, olhando os dois ao mesmo tempo e decidindo quem seria o felizardo.

É ela! Essa é pra casar! Pegou o instrumento e começou a tocar a única canção que conseguia se lembrar no calor do momento: "Brilha Brilha Estrelinha". Estava funcionado, a dama se aproximava. Talvez olhasse pra ele, não tinha certeza.

Foi e parou logo à frente dos dois que estavam sentados. Não gostou de nenhum. O primeiro não havia nem ao menos virado o rosto para ela e o outro era um maluco tocando flauta. Preferiu encarar o maluco. Olharam-se por uns cinco segundos até que ele desviou os olhos, provavelmente envergonhado. Tentou travar uma mirada com o outro sujeito, mas nada. Resignada, voltou-se e partiu em direção à roleta.

Sabem, ainda não sei se foi um dia de sorte ou de azar para o nosso amigo flautista. Perdeu, mesmo sem saber, o maior prazer que teria em toda sua vida. Mas ganhou, e agora com a ajuda do instrumento de sopro, o coração de outra moça que embarcaria no final da linha. Era a cobradora, que fez o favor de substituir um colega sortudo: o tal bonito cobrador, que nasceu virado para a lua mesmo: além de sair com vocês sabem quem, largou bem antes do serviço e ainda poderia, no dia seguinte, se gabar junto ao pessoal da firma, principalmente para aquele safado do motorista!

Blog fantasma

A falta de comentários neste blog, sejam críticas, sugestões ou elogios, só me faz pensar uma coisa:

Os textos aqui apresentados não passam de medianos. Triste.

Definitivamente, meu futuro é o funcionalismo público, tendo a renda incrementada com vendas pela internet.