“Jesus!”, foi a única coisa que pensei assim que entramos de mãos dadas no quarto. Talvez teria sido mais adequado ter pensando “Capeta!” ou mesmo “Cão Danado!”. Não, não digo isso devido à futura relação sexual que provavelmente iríamos ter, te digo isso por causa da aparência e da atmosfera daquele fétido local. Alice era o nome da escolhida, ou melhor, daquela que havia me escolhido. Admito, era uma festa meio louca, com gente louca, bebidas loucas, drogas loucas, como era nessa festa de costume. E não minto, meu amigo, gostava muito desse tipo de noite, apesar de fazer o estilo “certinho” (sim, sou daqueles que têm o péssimo hábito de fazer aspas com as mãos): camiseta pólo, calça lee, tenisinho da moda. Desde que meu parceiro que estuda engenharia me convidou para ir lá, nunca perdi nenhuma. Gostava de ser diferente: me diferenciava dos playboys da minha classe porque ia neste tipo de “rock” (gíria de nossa amiga capixaba para festa); era diferente dos undergrounds do local porque me comportava e me vestia de maneira distinta dos tipos de lá.
Então, resumindo, estava eu lá bem locão num canto qualquer, escuro como todos os outros, só curtindo um som amplificado na mente pelo THC e pelo álcool. Ela chegou, baixa, cabelos e olhos bem negros, pele pálida, camiseta, saia e coturno preto. Bem bonitinha até. E safada também: chegou com tudo, mal me disse um “oi” sensual no ouvido (encostando com a pontinha da língua bem no fundo dele) e já foi me grudando na boca e atolando no bumbum! E não é que eu seja dos mais bonitos, tu bem sabe, mas tem aqueles dias que a gente, por alguma razão, tem algo de especial. Talvez sejam os hormônios, período fértil ou algo do tipo. Pois é parceiro, te contei tudo isso só pra tu ter uma idéia de onde a tal guria veio e visualizar melhor o tal do aposento sinistro (além de me exibir um pouquinho, é claro).
Voltando então ao começo da conversa, o quarto dessa garota que eu tinha há duas horas atrás conhecido era, como já disse, fedido. Pra burro! Foi a primeira sensação que tive em relação ao local, enquanto nos deslocávamos pela sala, no escuro, em direção ao dormitório dela. Ligou a luz, vermelha, ainda entrelaçando a sua alva mão com grandes unhas negras à minha e disse: “Pode deitar, já volto, beibe!”. Enquanto ela ia ao banheiro, ou sei lá aonde, comecei a analisar tudo. Talvez estivesse um pouco alterado, mas foi isso que vi: paredes inicialmente brancas agora estavam completamente pichadas com caveiras, símbolos diversos, citações, aforismos, apologias a sexo e a bandas de rock pesado (não conhecia nenhuma, acho que só tinha ouvido falar na tal de Iron Maiden, a Dama de Ferro – não era rainha da Inglaterra?). A cama do meu "broto" era adornada por um edredom negro, com respingos vermelhos remetendo, provavelmente, a sangue. Não tinha travesseiro. Deitei ali, obedecendo a sua ordem.
Continuei a perscrutar o resto do quarto: no bidê ao lado só havia uma nota de dois reais, cigarros (roubei um), algumas fichinhas escolares, duas algemas e um grande e estranho consolo cheio de pontas (dildo ou vibrador, se preferir). Mais adiante, um velho berço de bebê, com mosquiteiro e móbile (meu brinquedo preferido de infância) em formato de morcegos. Dois quadros de Van Gogh adornavam a parede acima (é, talvez ela fosse normal...). Mais calmo, fui tirar meus tênis, talvez não gostasse deles em cima do seu edredom. No cabide, que se encontrava ao pé da cama, pendurados só casacos e bolsas de couro do mais puro negro. No chão, espalhadas lingeries, coturnos e botas, adivinhe, todos na cor preta. Já imaginava loucuras (gosto dessas coisas, couro, cinta-liga, salto) quando, do outro lado do quarto, meus olhos carcomidos pelas lentes de contato conseguiram vislumbrar aquele grande balcão (normalmente usado para acomodar uma tevê, um computador ou materiais de estudo) que comportava na verdade outras sinistras coisas: Diversos potes contendo partes humanas em formol. Uma mão, um pênis sacudo, um coração, um pâncreas (acho eu) e aquilo mais me chamou atenção: um pé numa sandália de salto alto com os dedos pintados nas cores do Brasil. Não pude reparar mais muita coisa. Ela voltou rápido, com um grande sorriso na boca, uma sensualidade no corpo, dois olhos ardentes e uma enorme faca na mão.
qué isso peter? cortaram o teu penis?
ResponderExcluirnão falei nada disso. o long dong tá inteiraço, pronto pro abate.
ResponderExcluir